comportamento,  cotidiano

Luz no fim do túnel…(crônica)

Li um post – muito interessante por sinal – da blogueira (não gosto muito desse termo) Leila França cujo tema era a gentileza feita a nós por pessoas estranhas.

Há tempos me encontro aborrecido com a minha vida profissional e com situações as quais sou obrigado a conviver, com reflexos na minha vida pessoal, no meu ânimo e sobretudo na minha esperança por dias melhores.

Hoje, aconteceu um fato que me fez parar para refletir sobre o que é mais importante para mim, o que me faz feliz e o que preciso fazer para não mais valorizar coisas de somenos importância. Pois bem, pela manhã, fui ao oftalmologista e estava muito preocupado com um problema advindo de uma cirurgia feita há 10 meses, quando implantei lentes flexíveis para me livrar da “Síndrome do Braço Curto”, também conhecida como “vista cansada” ou presbiopia, que é o nome correto para quem sofre do mal de DNA, como eu. DNA para quem não sabe é Data de Nascimento Antiga. O consultório de repente encheu e eu me sentei numa posição meio que escondida dos demais pacientes, que impacientemente esperavam a sua vez de serem chamados. Num dado momento, dois homens começaram uma conversa e pelas suas vozes pareciam ser idosos. Um deles se identificou como ex-militar, RR (Reserva Remunerada), chamado João e educadamente (aí eu tive certeza que eram idosos), perguntou ao outro:

Como o senhor se chama?

– Otávio, respondeu o outro.

Então, o senhor é o homem que mais bebe água no mundo? Brincou o João, entusiasticamente e ao mesmo tempo sorrindo com a reação interrogativa do novo amigo.

Todos na sala ouviram quando o Otávio, sem nada entender,  perguntou-lhe o por quê disso. Ato contínuo, o João então explicou que, quando era criança, no povoado em que morava, toda manhã um vendedor de águas passava gritando:

– Olha a água potáviu, olha a água potáviu! (sic)

Todos na sala riram, disfarçadamente, e o Otávio caiu na gargalhada.

Logo depois, a sala do oftalmologista se abriu e chamaram o “seu João”. Este então, vagarosamente se levantou, ajudado por um jovem que parecia ser seu neto e só então eu percebi que aquele homem tão feliz e sorridente caminhava com uma bengala. O João era um deficiente visual.

Isso me fez parar para pensar: quem realmente não enxergava naquela sala abarrotada de pessoas impacientes e emburradas?

4 Comentários

  • Luísa

    É meu amigo. Essas pessoas aprendem a dar valor a pequenas coisas, que nós nem sabemos que existem, é por isso que são felizes.

    Eu, por exemplo, quando entro na sala de espera de um médico, já vou com a predisposição acabrunhada e impaciente de quem vai ter que esperar a sua vez. Estúpido, não é?

    Abraços
    Luísa

  • Assis Azevedo

    Li o texto e entendi que a felicidade está nas pequenas coisas da vida. Quando pensamos que somos infelizes é porque ainda não descobrimos as coisas boas que estão ao alcance de nossa mão. Ótimo texto.

    Abraços,

    Assis Azevedo

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