educação

Sistema de cotas: inclusão racial ou exclusão econômica? (crônica)

Somos todos iguais.

Muito se tem discutido sobre o sistema de cotas criado pelo governo para permitir o ingresso de alunos nas universidades públicas do Brasil. No meu entendimento, tal sistema cuja intenção é promover uma igualdade de oportunidades entre estudantes notadamente da raça negra, pobres e freqüentadores da rede pública de ensino, ao invés de reduzir, amplia ainda mais as discriminações entre as diferentes raças e classes sociais no país. O sistema surgiu como uma resposta do governo para promover um equilíbrio, gerou um desequilíbrio e agora estamos num impasse.

Eu me pergunto: se o governo tem competência para criar métodos de aprovação, por que não tem a mesma competência para melhorar o ensino público desde a sua base, que é o ensino fundamental? Talvez essa, sim, fosse a medida mais acertada, porque não separaria brancos de negros ou rico de pobres. O que vemos hoje é uma segregação focada na questão racial e um sistema injusto. Existem muitos alunos de raça branca, pobres e que sempre estudaram em colégios da rede de ensino pública e não são beneficiados por esse sistema.

Existe uma lógica ignorada de que se um aluno sempre estudou na rede pública de ensino é por que não teve condições de pagar uma escola particular, sendo ele branco ou negro. Ao prestar vestibular para uma universidade pública, sendo beneficiado pelo sistema de cotas, muitas vezes, pela deficiência comprovada do ensino dessa mesma rede pública, o aluno é classificado com notas bem abaixo daquelas que classificaram outros alunos sem esse benefício. Entendo que esse é um atestado da falta de uma política de ensino decente que o governo passa para toda a sociedade. É como se ele, o governo, nos dissesse: eu te ofereço um ensino público deficiente, você não poderá reclamar, porque lá adiante eu te darei uma vantagem. Parece até uma famosa propaganda, da década de 70, que criou a Lei de Gérson, cujo slogan era: todo mundo gosta de levar vantagem em tudo, certo?

Um comentário

  • karine smith

    Isso é tão complicado.
    Na minha opinião não deveria existir cotas levando em consideração a cor, mas a condição social.
    Acho justo pessoas que estudaram a vida inteira na rede pública de ensino terem algum privilégio, porque sabemos que a educação no Brasil deixa muito a desejar, mas em contra partida, essa decisão acaba por acomodar os responsáveis por melhora-la, ou seja, se correr o bicho pega,se ficar o bicho come.

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