O Pequeno Príncipe (crônica)

A história do Pequeno Príncipe nos remete à dimensão das relações humanas. No nosso dia a dia, cativamos e somos muitas vezes cativados. Dessa forma é importante manter nossos laços afetivos com atenção e zelo ampliando os rastros de luz em nossas vidas e nas vidas de tantos quantos passarem por nós.

Quem és tu? – Perguntou o principezinho.

Tu és bem bonita!

Sou uma raposa – Ela respondeu.

Príncipe: vem brincar comigo. Estou triste.

Raposa: eu não posso brincar contigo! Não me cativaram ainda.

Príncipe: ah! desculpe-me. O que quer dizer “cativar”?

Raposa: tu não és daqui . Que procuras?

Príncipe: procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?

Raposa: é uma coisa muito esquecida. Significa criar laços.

Príncipe: criar laços?

Raposa: exatamente! Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos! E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma simples e mortal raposa igual a cem mil outras raposas.

Ah!!! Mas se tu me cativas… nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo, e eu serei para ti a única no mundo.

E a raposa continuou…

Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam.
Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também.
E por isso eu me aborreço um pouco.

Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.
Conhecerei seus passos, um barulho que será diferente dos outros.
Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca…

Será como música aos meus ouvidos… E, depois, olhai! Vês lá longe os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma e isso é triste!

Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então, será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti e eu amarei o som do vento que passa no trigueiral

Por Favor, Cativa-me!!!

Bem quisera – Disse o principezinho.

Mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas outras coisas para conhecer.

A gente só conhece bem as coisas que cativa – Disse a raposa.

Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.

Se tu queres um amigo, anda, vamos lá, cative-me !!!

Que é preciso fazer? – Perguntou o principezinho.

É preciso ser paciente – Respondeu a raposa.

Tu te sentarás primeiro, um pouco longe de mim, assim, na relva.
Eu te olharei com o canto dos olhos e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.
Mas a cada dia, tu te sentarás cada vez mais perto.

No dia seguinte o principezinho voltou.

Teria sido melhor voltares a mesma hora -Disse a raposa.

Se tu vens, por exemplo, as quatro horas da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. As quatro horas então estarei inquieta e agitada.  Descobrirei o preço da felicidade.
Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração.

Quis!!! – Disse a raposa…

Príncipe: – mas tu vais chorar?

– Vou – Disse a raposa.

– Então não sairás lucrando – Disse o principezinho.

– Eu lucro sim!!!  – Disse a raposa.

Por causa da cor de teus cabelos, ao olhar os campos de trigo, tu estarás sempre presente em meu coração…

Moral da história:

AMIZADES são feitas de pedacinhos.

Pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa.

Não importa a quantidade de tempo que passamos, mas a qualidade do tempo que vivemos com cada uma.

Cinco minutos podem ter uma importância  muito maior do que um dia inteiro.

Assim, há amizades que são feitas de risos e dores compartilhados; outras de escola; outras de saídas, cinemas, conversas, diversões; há ainda aquelas que nascem e a gente nem sabe de quê, mas que estão presentes.

Talvez essas sejam feitas de silêncios compreendidos, ou de simpatia mútua sem explicação. Aprendamos a amar as pessoas sem julgá-las pela sua aparência ou modo de ser, sem que possamos (e fazemos isso inconscientemente, às vezes) etiquetá-las.

Há amizades profundas criadas assim.

Saint-Exupéry disse:

“Foi o tempo que perdestes com tua rosa que fez tua rosa tão importante”.

E eu digo que é o tempo que ganhamos com cada amigo que faz cada pessoa tão importante. Porque tempo gasto com amigos é tempo ganho, aproveitado, vivido.

São lembranças para cinco minutos depois ou anos até.

Uma pessoa se torna importante pra nós, e nós para ela, quando somos capazes,  mesmo na sua ausência, de rir ou chorar, de sentir saudade e nesse instante  trazer o outro bem pertinho da gente.

Dessa forma, podemos ter vários melhores amigos, um diferente do outro.

O importante é saber aproveitar o máximo cada minuto vivido e ter, depois, no baú das lembranças, horas para recordar, mesmo quando estas pessoas estiverem longe dos nossos olhos.

0 thoughts on “O Pequeno Príncipe (crônica)”

  1. Amigo Herval!
    Sempre li esse livro,para mim é um dos mais lindos que já li em minha vida,mas o segredo de ler ele,é com a alma,para mim todos que cativo,são importantes e sempre tenho muito cuidado com cada um.
    Você machucar um coração,é fácil,mas você fazer esse coração esquecer é mais difícil,por isso cuido de meus amigos ,como seu cuidasse de um precioso cristal,tão lindo e tão sensível.
    Por isso cuidemos sempre,todos os dias….
    Parabéns pela linda lembrança…
    Bjos em seu coração com cheirinho de Jasmin!

  2. Olá meu querido amigo!!!
    Linda passagem, linda citação…tudo perfeito para ilustrar a importância e o valor das conquistas…daquelas que fazemos com o coração, sem a pretensão de ganhar nada mais do que apenas: “um amigo”… E como enriquecemos nossa história a cada oportunidade que temos em cativar uma pessoa! Conseguir a proeza de sermos amados pelo o que somos e não pelo o que os outros querem que sejamos. Eu ando muito sensível nesses dias…rsrs… Essa despedida daqui de Curitiba, contrariando o que eu imaginava, tem me feito pensar muito nas pessoas que cativei… e você é uma delas! Mas, seguirei com o orgulho e a felicidade de saber que em algum campo sentirei o sopro do vento e lembrarei do carinho de sua amizade… Afff…meu amigo! Vou parar porque senão eu choro!
    Grande beijo,
    Jackie

  3. Olá Herval!!

    Como é bom compartilhar com o bem que podemos fazer das nossas amizades, cativando-as em nosso caminho como um bem precioso, sabendo que cada uma delas nos faz reconhecer o que somos, diante das diferenças que elas apresentam! Gostei muito de participar da leitura do Pequeno Príncipe! Obrigada!

    Um abraço,
    “Todo o Conhecimento é Luz que Inspira a Alma” -*Vera Luz*-

  4. Olá Herval!
    O Pequeno Príncipe é meu livro de cabeceira, desde que me conheço por gente!
    A raposa ensina o principezinho que ele é responsável por suas conquistas, portanto, precisa cuidar bem daquilo que cativou. E mais: apesar de existirem milhões de flores , a dele é única, e foi o tempo que ele dedicou a ela que a fez tão importante!
    Que lindo este post …eu, siimplesmente, amei. Parabéns!
    Um grande beijo!

  5. Herval, esta é uma das passagens deste magnifico livro que eu mais gosto. Uma vez, nem me lembro bem para quem deixei esta msn como comentario. Nossa… sou uma comentarista compulsiva, já deu nó nas idéias… Eu acho que até o ultimo dia de minha vida, as mensagens contidas neste livro me seguirão. Sejam mulheres ou homens, todos nós aprendemos com ele. A historia de Antonie Saint-Exupéry é interessante, especialmente por ter uma breve vida e certo misterio que ronda.

    Herval: “Foi o tempo que perdestes com tua rosa que fez tua rosa tão importante”.

    Beijos

    1. Oi, Simone!

      Seu comentário só veio a enriquecer meu post. Brilhante! Adorei.
      Eu sou um fã declarado do livro “O Pequeno Príncipe” pelas mensagens subliminares contidas nele.
      Grande beijo,
      Herval

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